A decisão sobre os procedimentos a serem adotados contra um homem preso com uma escopeta e um tablete de cocaína gerou discussão entre o delegado Rafael Wagner Soares, do 14º DIP (Distrito Integrado de Polícia), e o Capitão Soeiro, da 30ª Cicom (Companhia Interativa Comunitária), na noite de sexta-feira (17). A gritaria entre os agentes foi registrada em vídeo.
O início da discussão não foi registrado. O delegado aparece no vídeo ordenando que os PMs deixem a delegacia. Os militares se recusam a sair. Eles discutem sobre quem tem competência para determinar procedimentos sobre o preso. A discussão é finalizada com ameaça de prisão de PMs e um dos militares diz: “Então, prenda”.
O caso gerou “guerra” de notas de repúdio entre a associação que representa os delegados da Polícia Civil e a entidade que atua em nome dos oficiais da Polícia Militar. Cada uma defendeu e elogiou seu associado pela “postura profissional” que adotou na situação, mas nenhuma delas explicou o que, de fato, ocorreu na delegacia.
A AOPBMAM (Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas) afirmou que o homem preso era de “alta periculosidade, com extensa ficha criminal e com mandado de prisão em aberto”. Os PMs disseram que “jamais” irão usurpar a competência da Polícia Civil, mas que a instituição deve tratar os fatos “sem tecer juízo de valor acerca dos mesmos”.
A associação também classifica a conduta do delegado como “desequilíbrio”. “O vídeo que circula nas mídias sociais fala por si, demonstrando claramente o desequilíbrio do delegado em tela na condução da ocorrência, e pior, no tratamento para com os policiais militares no local, diante da presença de populares e advogados dos envolvidos”, diz a nota da AOPBMAM.
O Sindepol/AM (Sindicato dos Delegados de Polícia de Carreira do Estado do Amazonas) alegou que o capitão da PM tentou “interferir na condução de uma ocorrência” na delegacia e lembrou que a legislação garante que cabe ao delegado a “análise, tipificação e decisão quanto aos procedimentos policiais que devem ser adotados” nos casos levados à unidade policial.
A entidade da Polícia Civil disse que o comportamento do capitão da PM foi “desrespeitoso”. “A desrespeitosa atitude do Capitão Soeiro destoa do profissionalismo padrão dos oficiais da Polícia Militar do Amazonas e demonstra o desconhecimento do mesmo quanto aos limitares de suas atribuições”, diz trecho da nota do Sindepol/AM.
FONTE: ATUAL